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Cães e gatos realmente se odeiam? A ciência explica o comportamento desses pets

Estudo aponta que convívio entre cães e gatos pode ser amigável, desde que a socialização aconteça nas primeiras fases da vida de ambos.
A rivalidade entre cães e gatos é uma crença antiga, praticamente generalizada. Por serem protagonistas quando o assunto são bichos de estimação, mas serem de espécies diferentes, foi alimentada a ideia de que eles, naturalmente, não se dão bem.
Cães e gatos são domesticados há milhares de anos, e passaram por mudanças genéticas e comportamentais devido à proximidade com os humanos.

Em civilizações antigas, os cães, descendentes dos lobos, se associavam aos humanos sem muitas restrições, recebendo em troca por sua companhia uma porção de alimento. Ao longo do tempo, por sua alta habilidade de socialização, a sua atuação foi ampliada para outros propósitos como ser cão de guarda, cão guia para cegos, no trabalho de detecção de bombas e até mesmo de algumas doenças.
Quanto aos felinos, descendentes do gato selvagem africano, eles foram muito utilizados no passado como controladores de pragas, uma vez que caçavam animais menores numa época em que a economia agrícola era baseada em grãos. Em troca pelo serviço, também recebiam abrigo e alimentação. Por serem caçadores solitários, a domesticação e controle dos gatos sempre foi mais complexa do que a dos cães.
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Por que cães e gatos se odeiam tanto?
Por que pessoas de nacionalidades diferentes poderiam se estranhar? Entre as muitas respostas está a comunicação. Para cães e gatos, a lógica é a mesma. Embora ambos sejam animais carnívoros e tenham em seu gene habilidades eficientes de caça, essas espécies diferem muito em seu comportamento social.

Esse é apenas um dos apontamentos preliminares levantados no artigo “Inter-relação de cães e gatos vivendo sob o mesmo teto”, dos autores Reuven Feuerstein e José Terkel, que investigaram o tema.
Há uma crença geral de que a comunicação interespecífica entre cães e gatos é complicada, decorrente de seu desenvolvimento evolutivo separado, de seus diferentes processos de domesticação e da falta de uma capacidade inata de entender as comunicações uns dos outros.
Abanar o rabo, por exemplo, é um sinal claro de que um cão está feliz, já um gato com o mesmo comportamento pode querer transmitir um estado de medo ou ansiedade. Essa inabilidade na interpretação um do outro pode gerar algum atrito, mas a domesticação de cães e gatos desde a juventude pode reverter essa prerrogativa.
De acordo com o artigo, a socialização precoce com gatos de até 6 meses de vida, e cães com até 1 ano de idade, mostrou uma capacidade satisfatória de estabelecer um relacionamento amigável.
As descobertas também sugerem que, com o passar da convivência, a maioria desses cães e gatos entende a linguagem corporal particular do outro, criando até mesmo códigos próprios, como cumprimentos com toque de focinhos.

Falando a mesma língua, isto acaba se refletindo diretamente no clima entre eles. O estudo aponta que, em dois terços das casas, havia uma boa convivência entre as espécies. Apenas 10% das casas observadas tinham algum tipo de conflito.
Eles chegaram a essa conclusão por meio de dois métodos, um questionário aplicado aos donos dos cães e gatos, e a observação, por meio de gravações em vídeo, do convívio entre os animais na casa dos tutores.
É importante frisar que os cães, por terem um porte maior e por serem exímios caçadores, veem como presas todo e qualquer animal que seja menor do que ele, não apenas o gato. Não são raros relatos de tutores que receberam de seus cães passarinhos, ratos e lagartixas como presentes de caça.
Em linhas gerais, o que podemos concluir é que cães e gatos não são rivais destinados. As espécies podem conviver de maneira harmoniosa juntas, desde que a socialização aconteça nas primeiras fases da vida. Quanto mais precoce for a idade do primeiro encontro entre as espécies, melhor será esse entendimento.
Fonte:Olhar Digital