Geral
Check-up reduz morte súbita em corrida de rua e academia? | Tribuna Online


Cuidados e acompanhamento médico ajudam a evitar mortes súbitas durante exercícios
Complicações de saúde e até morte súbita durante a realização de exercícios físicos podem ser evitadas com tratamento adequado. Especialistas afirmam que acompanhamento médico, adaptação física gradual e investigação de doenças congênitas podem salvar vidas.
O caso de João Gabriel Hofstatter De Lamare, que morreu durante uma meia maratona, antes de completar 20 anos, acendeu um alerta. O jovem, de Porto Alegre (RS), teve uma parada cardiorrespiratória e, apesar do socorro imediato, não resistiu. João, que corria como amador, morreu a apenas um quilômetro da chegada.
Mortes súbitas são geralmente causadas por distúrbios no ritmo cardíaco. Em jovens, o quadro pode ter origem em cardiopatias estruturais congênitas, que são doenças do coração e podem ser evitadas em consulta médica, explica o cardiologista Jerônimo Vervloet.
“O que se aconselha àqueles com casos familiares de morte súbita, ou que apresentem dor no peito desproporcional ao esforço realizado, é que façam um check-up antes de exercícios mais intensos”.
Em adultos acima dos 35 anos, a morte súbita durante o exercício físico é geralmente causada pela obstrução das artérias do coração, aponta o cardiologista Rafael Altoe.
“Muitas vezes, a obstrução das artérias é silenciosa até o momento do esforço físico. Pessoas com pressão alta descontrolada ou alterações nos batimentos do coração podem precisar de adaptações no tipo, intensidade ou momento ideal para a prática de exercícios”.
Rafael também apontou a importância de locais como academias e eventos esportivos contarem com estrutura para emergências, incluindo desfibrilador e equipe treinada. “Essas medidas ajudam a prevenir complicações”.
A prática de atividades físicas é essencial para manter a saúde em dia. No entanto, é necessário adaptação física gradual, indica a personal trainer Alê Junqueira.
“Muitas pessoas começam a correr sozinhas e querem, rapidamente, correr muito. É necessária adaptação para a pessoa não ter uma mudança cardíaca repentina, que pode gerar queda de pressão e até morte súbita. Vá aos poucos, mas não deixe de se exercitar”.
A personal afirma, porém, que o sedentarismo é o pior cenário para a saúde. “E se você tiver mais de 35 anos de idade, preste atenção nos seus hábitos de vida”, aconselha.
Morte repentina aos 56 anos durante caminhada

Maria Trevizani ao lado de Charles Pereira, que morreu ao fazer esteira
Quanto mais a idade avança, maior deve ser o cuidado contínuo com a saúde. Maria Helena Trevizani, moradora da Enseada do Suá, em Vitória, conta que o marido, Charles Pereira de Oliveira, morreu enquanto se exercitava em uma esteira, após anos de descuido com a própria saúde.
“Ao longo do nosso casamento, ele sempre estava acima do peso, não cuidava da alimentação e bebia muito quando estava com os amigos. Um dia ele acordou, foi para a esteira do prédio onde vivíamos e, 10 minutos depois, caiu morto. Uma ambulância veio, fez os primeiros socorros, mas já era tarde. Ele teve um infarto fulminante. Não conseguiu nem reclamar de dor e morreu em silêncio”.
Maria conta que o esposo era engenheiro civil e vivia sob estresse no ambiente de trabalho.
“Quando ele estava na obra, comia qualquer coisa, ou até não se alimentava, e lidava com muita pressão, muito estresse. Com uns 40 anos, ele começou a ter hipertensão. Quando foi despedido, resolveu fazer dieta e começou a fazer atividade física regular. Ele tinha emagrecido 20 quilos, mas já era tarde”.
Após a morte, o cardiologista de Charles disse a Maria que o marido dela tinha aterosclerose. Mesmo fazendo dieta e exercícios por um ano, o engenheiro teve uma parada cardiorrespiratória em 2016.
“Charles tinha 56 anos quando morreu. Na família dele, todos faleciam por AVC ou problema cardíaco. A gordura do colesterol entupiu as artérias dele”.
Maria é personal trainer, conta que sempre incentivou o marido a praticar exercícios físicos e que ainda mora no mesmo prédio onde viveu com Charles.
A viúva fala sobre a necessidade de encontrar equilíbrio e de ter cuidado consigo mesmo.
“Meu esposo era muito trabalhador, mas esqueceu de se cuidar. Não se alimentava e nem dormia direito, não tinha equilíbrio. Se você trabalha muito e não tem tempo para você, mude seu estilo de vida. Você precisa de descanso mental, contato com a natureza ou meditação. Tudo isso nos ajuda a viver melhor e a sair desse rolo compressor que é a rotina”, afirmou.
Opiniões



Entenda
Exercício físico reduz risco de infarto
Números
300 mil mortes anuais no Brasil ocorrem por doenças cardiovasculares, o que representa 30% dos óbitos, segundo o Ministério da Saúde.
Morte súbita
É geralmente causada por distúrbios do ritmo cardíaco, sendo a fibrilação ventricular a principal desse tipo de arritmia, aponta o cardiologista Jerônimo Vervloet.
Check-up médico
Cada um tem histórico e condição de saúde particular. Uma avaliação médica permite identificar doenças cardiovasculares congênitas.
Exercícios regulares
A prática regular de atividades físicas reduz o risco de infarto e melhora a pressão arterial, aponta o cardiologista Rafael Altoe.
Cuidado com substâncias
Anabolizantes esteróides, energéticos e pré-treinos podem aumentar a chance de infarto, dizem os médicos.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Fonte:Tribuna OnLine