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Como fósseis de dinossauros podem ajudar no combate ao câncer

Cientistas acreditam que os fósseis podem revelar como o câncer evoluiu, o que poderia ajudar na criação de tratamentos contra a doença

A luta contra o câncer se tornou um dos maiores desafios da humanidade. Mas para vencer esta terrível doença pode ser necessário voltar alguns milhões de anos no passado. Mais precisamente para a época dos dinossauros.
Isso porque fósseis destes animais antigos podem ajudar na criação de novos tratamentos contra a doença. É o que defende um novo estudo realizado por pesquisadores da Anglia Ruskin University (ARU) e do Imperial College London, ambos na Inglaterra.
Estruturas semelhantes a glóbulos vermelhos foram encontradas nos fósseis
- Durante o trabalho, que durou uma década, os cientistas usaram técnicas avançadas para identificar dados moleculares de espécimes antigos.
- O objetivo era descobrir estruturas semelhantes a glóbulos vermelhos preservadas nos ossos de dinossauros.
- O fóssil utilizado foi uma mandíbula da espécie Telmatosaurus transsylvanicus;
- Este animal foi um herbívoro com bico de pato que vagava pelo que hoje é a Romênia há cerca de 66 a 70 milhões de anos.
- Segundo os pesquisadores, a análise do material levantou a possibilidade de que tumores antigos possam ajudar a desvendar as origens moleculares do câncer.
- Isso possibilitaria também a criação de tratamentos futuros contra a doença.
- As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Biology.

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A ideia da pesquisa começou em 2016, quando um dos cientistas leu sobre um fóssil de dinossauro com um tumor na mandíbula. Conhecido como ameloblastoma, ele é caracterizado por um crescimento benigno que também ocorre em humanos.
Isso despertou a curiosidade sobre as semelhanças moleculares entre cânceres antigos e modernos. Usando microscopia eletrônica de varredura (SEM) de alta resolução, um microscópio muito sofisticado, a equipe identificou estruturas que se assemelhavam a eritrócitos (glóbulos vermelhos) no osso fossilizado.

Essa evidência oferece uma rara oportunidade de estudar os fatores ambientais de longo prazo que podem ter moldado o câncer ao longo de milhões de anos. As descobertas levantam a possibilidade de que os tecidos moles e os componentes celulares sejam mais comumente preservados em restos antigos do que se pensava anteriormente.
Ao identificar proteínas e biomarcadores preservados, os cientistas acreditam que podem obter informações sobre as doenças que afetaram criaturas pré-históricas, incluindo o câncer. Isso poderia nos ajudar a entender o papel do ambiente no desenvolvimento de tumores e, em última análise, ajudar na criação de tratamentos mais eficazes para humanos.

Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.
Fonte:Olhar Digital