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O mundo está pronto para uma tempestade solar catastrófica?

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O Sol é uma estrela, o que significa que ele não é apenas uma grande bola de luz no céu, mas uma gigantesca usina de energia movida a centenas de milhares de explosões nucleares quase simultâneas.

No núcleo solar, átomos de hidrogênio colidem em velocidades e pressões extremas, se fundindo e liberando quantidades inimagináveis de energia a cada segundo. Esse processo, chamado de fusão nuclear, é o que mantém o Sol brilhando e sustentando a vida na Terra.

No entanto, essa força também é instável e imprevisível. De tempos em tempos, o acúmulo de energia desencadeia violentas erupções e ejeções de massa coronal, capazes de lançar bilhões de toneladas de partículas eletricamente carregadas na direção do nosso planeta.

Quando essas tempestades solares alcançam a Terra, os efeitos podem ser devastadores. Mas será que estamos prontos para lidar com um evento solar catastrófico?

Uma explosão X2.3 foi desencadeada no grupo de manchas solares AR3912 em 8 de dezembro de 2024, liberando material solar no espaço. Crédito: NOAA

O mundo está pronto para uma tempestade solar catastrófica?

A cada novo ciclo solar, a atividade do Sol aumenta, trazendo com ela um risco que muitos especialistas classificam como inevitável, mas ainda amplamente subestimado: a ocorrência de uma tempestade solar catastrófica.

Esses eventos, provocados por ejeções de massa coronal e explosões solares intensas, liberam quantidades imensas de partículas altamente energéticas e radiação que podem atingir diretamente a Terra.

Quando isso acontece, os efeitos vão muito além do aparecimento de auroras coloridas no céu. Estamos falando de danos generalizados a satélites, redes elétricas, sistemas de comunicação, transporte e até ao fornecimento de água e alimentos.

Aurora Borealis
O Sol é a chave para as auroras boreais, com suas partículas energéticas criando as deslumbrantes luzes que vemos nos céus polares (Imagem: Smit/Shutterstock)

O problema central é que o mundo moderno depende profundamente de tecnologias que são vulneráveis ao impacto de uma supertempestade solar. Satélites usados para GPS, comunicação e previsão do tempo podem ser danificados ou destruídos. Redes elétricas interligadas em nível nacional ou continental podem sofrer colapsos em cascata.

Em 1989, uma tempestade solar moderada causou um blecaute em toda a província de Quebec, no Canadá. Agora imagine os impactos de um evento da mesma natureza, mas em escala global e com intensidade comparável à do evento de Carrington, registrado em 1859, quando a tecnologia ainda não dominava nossas vidas.

Hoje, qualquer tempestade solar desse porte poderia derrubar internet, interromper transações financeiras, comprometer bancos de dados hospitalares, desligar hospitais, paralisar transportes aéreos e marítimos e, em regiões dependentes de redes digitais, até interferir na distribuição de alimentos.

Satélites usados para monitorar derretimento de geleiras (Imagem: Universidade de Zurique/Divulgação)

As estimativas mais conservadoras preveem que os prejuízos econômicos ultrapassariam trilhões de dólares, com impacto imediato na vida de bilhões de pessoas.

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Embora a NASA e outras agências espaciais monitorem constantemente a atividade solar, o tempo de alerta disponível entre uma erupção solar e sua chegada à Terra é curto, variando de 15 horas a no máximo três dias. Isso significa que mesmo os países mais preparados têm uma margem de reação extremamente limitada.

Países como os Estados Unidos e o Reino Unido desenvolveram protocolos de resposta e planos emergenciais, mas essas medidas ainda são consideradas insuficientes diante da magnitude de uma tempestade solar extrema.

Terra vista do espaço
Imagem realista da Terra vista do espaço. Renderização 3D feita com elementos da NASA. Imagem: Summit Art Creations / Shutterstock

O Brasil, por exemplo, ainda caminha de forma lenta na implementação de sistemas de alerta e protocolos de contingência para proteger infraestrutura crítica contra riscos geomagnéticos. A maior parte das redes elétricas e sistemas de telecomunicação não foram projetadas pensando nesse tipo de ameaça.

Além disso, a dependência crescente da população por sistemas baseados em internet, aplicativos e GPS torna o cenário ainda mais vulnerável.

Outro risco importante é o impacto nas aeronaves e nos astronautas. Durante uma tempestade solar forte, a radiação ionizante pode colocar em risco a saúde de pilotos, tripulações e passageiros de voos em altitudes elevadas, especialmente sobre regiões polares.

Missões espaciais tripuladas, como as da Estação Espacial Internacional, precisam entrar em modo de proteção ou até interromper operações dependendo da intensidade do evento.

O primeiro módulo da Estação Espacial Internacional, Zarya, que marcou o início da montagem do posto avançado na órbita da Terra. Crédito: NASA/Roscosmos

Do ponto de vista ambiental, há ainda o debate sobre o impacto indireto dessas tempestades na atmosfera superior. Algumas pesquisas sugerem que eventos solares extremos poderiam afetar temporariamente a camada de ozônio, aumentando a incidência de radiação ultravioleta na superfície terrestre. Esse efeito, embora passageiro, pode ter consequências sobre a saúde humana e a fauna, especialmente em regiões mais expostas.

O fato é que, apesar dos alertas crescentes da comunidade científica, o mundo ainda não está pronto para lidar com uma tempestade solar de grande escala. A falta de políticas públicas, de planejamento intersetorial e de investimentos em tecnologias de resiliência continua deixando as nações expostas.

Diante disso, especialistas insistem que a conscientização global sobre o tema precisa deixar de ser um debate restrito à academia e aos círculos técnicos e se tornar uma prioridade nos fóruns de governança e segurança internacional.

Seca no Rio Negro
Rio Negro foi um dos rios mundiais afetaddos pela seca em 2023 (Imagem: jesper Sohof/Shutterstock)

Com informações de Phys.org.




Fonte:Olhar Digital

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