Com mais de 6 milhões de seguidores nas redes sociais, o padre e influenciador digital Patrick Fernandes foi convidado para prestar depoimento, nesta quarta-feira (21), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets no Senado.

O padre chamou a atenção da comissão nas redes sociais após publicar um vídeo expressando seu desejo de ser ouvido. A comissão no Senado investiga a influência de casas de apostas on-line no orçamento de famílias brasileiras.

Quem é o padre Patrick Fernandes?

O padre tem 37 anos e nasceu em Santa Teresa, no Espírito Santo.

Ainda criança, o influenciador se mudou para o estado do Pará. Já na pandemia, começou a marcar uma presença maior nas redes socais.

O pároco ganhou muita visibilidade nas redes, tudo pelo seu jeito descontraído, e sua interação com o público que o segue.

O influenciador tem muita audiência quando reponde comentários “sinceros” na “caixinha de perguntas” dos stories do Instagram, de forma bem humorada, um exemplo é o seguinte: “Padre, tive dois divórcios, fico sozinha agora?”.

Em reposta, o padre interagiu dessa forma: “Com certeza né, já viu que não esta apta para casar, tua carreira é solo, e eu tenho quase certeza que a chata é você”.

CPI das Bets

O convite para o depoimento foi oficializado após a manifestação do influenciador. Em suas declarações prévias, o padre afirmou ter recebido propostas para divulgar algumas empresas de apostas, as quais, segundo ele, foram recusadas.

Além disso, o religioso relatou que recebe em sua igreja famílias preocupadas com o vício em apostas.

De acordo com o presidente da comissão, Dr. Hiran (PP-RR), é fundamental ouvir figuras públicas que expressem a percepção social e moral da população sobre o tema das apostas esportivas.

A participação do padre Patrick Fernandes na CPI representa uma perspectiva diferente das oitivas anteriores, que focaram em influenciadores que efetivamente divulgavam as empresas de apostas.

Após a oitiva do padre Patrick Fernandes sobre o jogos de apostas on-line na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets nesta quarta-feira (21), os senadores ainda aprovaram a convocação do influenciador digital Luiz Carlos Ferreira dos Santos, conhecido como Carlinhos Maia (REQ 462/2025).

Ainda foram aprovados requerimentos de relatórios de inteligência financeira (RIF) dos influenciadores Virgínia Fonseca e Rico Melquiades (REQ 448 e 459/2025), que já prestaram depoimento à comissão na semana passada.

O RIF é estruturado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e possui dados bancários e fiscais sigilosos.

A CNN busca contato com Carlinhos Maia para posicionamento.

Depoimentos de influenciadores

A CPI das Bets foi instalada em novembro do ano passado, com o objetivo de investigar a influência dos jogos virtuais de apostas no orçamento das famílias brasileiras.

A comissão pode funcionar por até 130 dias, se não houver pedido por mais tempo, com um limite de despesas de R$ 110 mil.

Na semana passada, Virginia e Rico foram ouvidos após serem convocados como testemunhas. Hoje, o padre compareceu no Senado como convidado, após ele publicar um vídeo pedindo para participar de uma sessão da comissão.

Durante o depoimento, ele relatou que já foi chamado para divulgar bets, mas recusou todas as propostas.

Ele ainda criticou a divulgação das casas de apostas por influenciadores digitais e defendeu que o vício em jogos se trata de uma questão de saúde pública.

“A gente tem que tomar partido. Quem tem voz na internet, tem que falar contra. E deve ser uma pauta que deve ser levantada nesta Casa, na internet”, afirmou.

“Existe um caso, a meu ver, de saúde pública. Hoje, a ludomania é classificada como uma doença, um transtorno mental”, afirmou.

“Então quando eu tomo meu celular e digo ‘Joga com responsabilidade, você joga só se você quiser’, a meu ver pastoral mesmo, de padre, né, isso é uma falta de caridade com a pessoa. O discurso deveria ser o contrário: você divulga o jogo porque você quer. Você tem liberdade de divulgar ou não divulgar, eles não estão doentes, é ao contrário de quem foi tomado por isso, por conta destas influências, e eu não estou dizendo aqui somente de quem está no digital, porque a gente sabe que é uma rede, está na TV, está em tudo quanto é canto”, prosseguiu o padre.

A flexibilização do processo para a emissão de certas licenças ambientais preocupa uma ala – ainda que minoritária – no Senado Federal. Em especial, os senadores governistas mais ligados à defesa do meio ambiente. O projeto de lei que altera regras e estabelece um marco de licenciamento ambiental está previsto para ser votado nesta quarta-feira (21) no plenário da Casa.

Críticos apelidaram o texto de “mãe de todas as boiadas” por considerá-lo muito permissivo nas flexibilizações.

Alegam ainda um risco do que chamam de guerra ambiental. Com mais liberdade para conceder licenciamentos, estados e municípios poderiam entrar numa disputa entre si, flexibilizando exigências, para atrair mais investimentos, afirmam. Também poderiam ficar mais vulneráveis à pressão política, avaliam.

A intenção da senadora Tereza Cristina (PP-MS), uma das relatoras do projeto, é votar a matéria nesta quarta no plenário. Mas, parte dos governistas tenta adiar a análise da matéria para a semana que vem e assim conseguir apresentar uma série de mudanças ao texto. A tendência atual é que a maioria das sugestões seja rejeitada.

Em análise há mais de 20 anos no Congresso, o projeto avançou nesta terça (20) ao ser aprovado em duas comissões — a do Meio Ambiente e a da Agricultura. Mesmo que seja aprovado no Senado, precisará passar por nova análise na Câmara dos Deputados.

Uma das principais mudanças diz respeito à licença ambiental por adesão e compromisso, conhecida como LAC. Ela será simplificada e expedida com base na autodeclaração do empreendedor, desde que sejam seguidos requisitos pré-estabelecidos.

Segundo o projeto, empreendimentos de pequeno e médio porte, com baixo ou médio impacto ambiental, poderão expedir essa declaração. O desmatamento de vegetação nativa ainda precisaria de autorização específica, mas quatro tipos de atividades agropecuárias – incluindo a pecuária extensiva – ficariam dispensadas de determinados licenciamentos.

O texto também aumenta a pena para quem constrói sem autorização dos órgãos ambientais competentes, que passaria a ser de seis meses a dois anos, fora possível multa.

Um grupo de frentes parlamentares que representam o setor produtivo, incluindo a da agropecuária, afirma que o projeto é um marco de racionalidade, modernização e equilíbrio.

“O crescimento e o desenvolvimento no Brasil estão travados hoje em função do licenciamento ambiental. Agora nós queremos simplificar o licenciamento ambiental em todo o Brasil em todas essas áreas. Desenvolvimento pelo Brasil sem descuidar das questões ambientais”, disse o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS).

Em último caso, membros da base aliada de Lula mais ligados à ala ambiental falam em recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando vício de inconstitucionalidade no projeto.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já chamou o projeto de “grande retrocesso” e “desmonte” dos processos de licenciamento no país. Nesta terça, petistas citaram que o direito ao meio ambiente equilibrado também está previsto na Constituição.

“Uma das formas do Estado brasileiro efetivar e proteger esse direito constitucional é o licenciamento ambiental. Então, nós temos que entender a gravidade e a complexidade que é esse projeto de lei que tá sendo deliberado nessa data”, declarou o senador Fabiano Contarato (PT-ES).

A senadora Soraya Thronicke, relatora da CPI das Bets, protocolou um requerimento de convite para que o padre Patrick Fernandes preste depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito, que apura a influência dos jogos de apostas online no orçamento de famílias brasileiras e a possível associação com organizações envolvidas em práticas de lavagem de dinheiro.

O documento foi apresentado depois de o próprio padre, que acumula cerca de 6 milhões de seguidores em rede social, publicar um vídeo pedindo para ser convidado.

“Eu queria ir depor, manda esse vídeo aqui para aquela senadora que está à frente lá. Porque também deveriam ouvir as pessoas que a todo momento recebem essas propostas e tem a dignidade de não aceitar, não se vendem pelo dinheiro, né?”, disse o religioso em vídeo publicado.

 

De acordo com a senadora, o depoimento do padre poderá “contribuir para evidenciar os efeitos sociais e humanos da disseminação de apostas online“.

No vídeo, Patrick diz que “a todo momento” escuta sobre “famílias destruídas” por conta deste tipo de jogo.

“Todo momento vem pessoas falidas aqui, viciadas, tomadas por conta desses joguinhos e tudo mais. Eu sei o estrago que isso está fazendo na vida de tantas pessoas e famílias… Esse negócio de jogar com responsabilidade, pelo amor de Deus, né? Não existe isso não”, completou.

O pedido dele ocorreu na mesma semana que a CPI viralizou nas redes sociais, com os depoimentos dos influenciadores digitais Virginia Fonseca e Rico Melquiades, convocados a prestar esclarecimentos sobre os conteúdos publicitários que produzem para estas empresas.